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Análise de Mercado

Contextualização

 A Análise de Mercado é uma etapa fundamental para entender o ambiente em que um produto ou serviço será inserido, permitindo identificar oportunidades, desafios e o comportamento dos consumidores.

Visão Geral do Setor

  Atualmente, o Brasil tem se consolidado como uma das principais potências agrícolas globais, com um histórico de expansão de fronteiras e aumento contínuo da produtividade de campo. Essa realidade exige um volume massivo de financiamento ao agronegócio, que se divide em crédito de custeio (compra de insumos, matérias-primas), de investimento (aquisição de equipamentos como tratores e armazenagem) e de comercialização.

  Apesar dessa demanda, o mercado de crédito rural brasileiro apresenta uma ineficiência estrutural significativa, causada por sua forte dependência de sistemas tradicionais burocráticos e segmentados, que historicamente favorecem grandes produtores em detrimento de um vasto contingente de Pequenos e Médios Produtores (PMEs). Apesar do setor movimentar mais de R$1 trilhão ao ano, a fragilidade na distribuição do crédito e o déficit estimado - especialmente entre os PMEs - criam uma oportunidade substancial para novos modelos de crédito.


Tendências de Mercado

 O mercado de crédito rural no Brasil é robusto e essencial para o dinamismo do agronegócio, um dos setores-chave da economia nacional. Em 2024, o total aplicado em crédito rural, abrangendo custeio, investimento e comercialização, atingiu cerca de R$ 330,9 bilhões, valor que representa apenas uma fração da necessidade ideal de financiamento estimada em aproximadamente R$ 900 bilhões. Essa lacuna evidencia a existência de um déficit significativo, especialmente para os produtores de pequeno e médio porte, que enfrentam dificuldades para acesso ao crédito tradicional devido a barreiras burocráticas e falta de garantias.

 O Plano Safra 2025/2026, o maior até hoje, disponibilizou R$ 516,2 bilhões para o setor, ampliando a oferta de crédito e mantendo taxas de juros subsidiadas abaixo do patamar do mercado. Os recursos são divididos entre linhas controladas, que incluem subsídios do governo e apresentam juros mais baixos, e linhas livres, cujo custo é mais próximo do mercado. Apesar do aumento expressivo em recursos subsidiados, o desembolso efetivo e a liquidez ainda enfrentam desafios, com variações sazonais e regionais sensíveis ao desempenho econômico e climático.

 Paralelamente, o mercado de financiamento privado e digital tem crescido rapidamente. Plataformas fintech e modelos peer-to-peer (P2P) vêm ganhando espaço, oferecendo agilidade, inclusão financeira e transparência, especialmente para quem não é contemplado pelo sistema tradicional. A expansão dessas soluções digitais é impulsionada pela digitalização dos processos, integração de dados públicos e privados e pelo interesse crescente de investidores em produtos financeiros ligados ao agronegócio, especialmente dentro das premissas ESG.


Análise da Concorrência

Modelos de Crédito no Agronegócio

Crédito Tradicional

  O modelo Tradicional é proporcionado principalmente por bancos públicos e privados, cooperativas e programas governamentais como Pronaf, Pronamp e linhas do BNDES. Baseado em análise financeira clássica, exigência de garantias reais (terras, maquinário, safra), forte burocracia e longos prazos de liberação. Apresentando alto volume e capilaridade para grandes produtores, porém tem baixa inclusão de pequenos e médios produtores devido às dificuldades de acesso. .

info

Dados do ITT Brasil indicam que apenas 15% do financiamento agrícola total oferecido pelos bancos tradicionais é distribuído entre 85% dos agricultores familiares.

Mercado Privado Estruturado

  O mercado privado estruturado tem ganhado relevância de forma acelerada. Trata-se de fundos especializados, como FIAGRO e FIDC, que oferecem recursos para financiar grandes operações, principalmente por meio de securitização de recebíveis rurais. Esses players são fortes na captação de recursos e têm o respaldo de investidores institucionais, garantindo segurança e escala para operações de médio e grande porte. E limita o acesso dos pequenos produtores, com grande dependência da qualidade e volume dos recebíveis e da capacidade operacional do gestor.

Modelo P2P

  O mercado P2P tem ganhado destaque por meio de plataformas digitais que promovem empréstimos peer-to-peer com análise de risco baseada em dados alternativos. Esse modelo facilita o acesso ao crédito por PMEs e pequenos agricultores, oferecendo investimentos fracionados a investidores pessoa física. Apresentam forte potencial de crescimento e inovação, mas ainda são limitados em escala e captação frente ao mercado tradicional.

Benchmarking

  A seguir é possível observar uma análise comparativa das principais plataformas e modelos de financiamento dentro do mercado de crédito rural brasileiro que competem direta ou indiretamente com o projeto. Será explorado o posicionamento, público-alvo, diferenciais competitivos e desafios enfrentados por cada player, permitindo compreender as nuances entre as modalidades tradicionais, as instituições consolidadas e as inovadoras soluções digitais que implementam modelos de crédito peer-to-peer, tokenização de ativos e tecnologias inteligentes dentro do setor. Essa análise é fundamental para identificar oportunidades de diferenciação e viabilidade frente à concorrência.

Plataforma de CréditoModeloPúblico-AlvoDiferenciaisDesafios
PeerSeedP2P tokenizadoPMEs e investidores varejoScore multiplas dimensões, liberação escalonada, onboarding digital assistidoCaptação inicial, escalabilidade, regulação
TerraMagnaFinanciamento distribuidoresMédios e grandes produtoresAnálise satelital, forte garantiaBaixa presença nos PMEs
AgrotokenTokenização de grãosGrandes produtores e investidores institucionaisAuditoria externa, integração bancosDifícil adoção por pequenos produtores
CrowdFarmingPré-financiamento via adoçãoNichos sustentáveisTransparência, impacto socialBaixa escala, logística complexa
Nagro/LiqiTokenização de CCB/CPRPMEs e investidores P2PAnálise IA, operações digitaisCapilaridade limitada
Bancos públicosCrédito subsidiado oficialTodos os produtores, principalmente grandesCusto baixo do capital, ampla capilaridade, programas de apoioBurocracia, lentidão, baixa inclusão para os menores produtores